Tratado Sobre a História da Música

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Com o meu envolvimento no mundo da música, e não apenas nos aspectos técnicos desta, mas no de compreensão filosófica, sentido, compreender, além de estudar a história; e muita educação do "ouvido semântico" vamos assim dizer, e de algo principal que eu chamaria de "linguagem matemática", o de simplesmente poder ouvir e compreender este idioma. Bem, mas eu observei que entre os cristãos havia muita discussão quanto a música de modo que muitas das discussões e linhagens demonstravam uma vagacidade total. Sempre ouvi que se não conhecermos a nossa própria história, de onde viemos, então não sabemos onde estamos nem para onde vai. E percebi que a grande maioria, estavam totalmente perdidos, não sabendo onde estão nem para onde vai, num aspecto musical... tampouco, sabendo como chegaram até aqui.

Bem, observando isso, resolvi desenvolver uma palestra simples sobre a História da Música, porém num contexto cristão, que é o que vale para o caso. Então desenvolvi uma Apresentação em PowerPoint para dar mais didática e até mesmo me orientar, assim como vários audios, a idéia é fazer uma apresentação muito sensível, experimental, para dar realmente uma fácil compreensão e semântico para ter um vislumbre básico dessa história.

Não tive ainda a oportunidade de dar uma palestra, aliás, terminei essa semana, nem propaguei direito ainda. Mas assim que o fizer, tentarei gravar e por no youtube. Ou talvez, eu use o meu computador mesmo, para gravar tal palestra e por no youtube.

O arquivo da palestra, junto como os audios estão disponíveis nesse link abaixo:

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Errata: No arquivo que enviei, no slide que aparece o Martinho Lutero tem uma frase no qual a fonte ficou com uma cor quase ilegível. E para não ter que enviar tudo de novo, o que estava escrito era:

"“Estou fortemente persuadido de que depois da Teologia, a música é a única arte capaz de dar paz e alegria ao coração, como aquela produzida pelo estudo da ciência da divindade.” - Lutero

Filosofia & Lógica = Deus Existe - Parte 4

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Causa x Acaso

O ateísmo, infelizmente, apenas se pode basear em hipóteses teóricas muito peculiares. Quanto a isso, enquanto que o Teísmo possui um arsenal imenso.

O Universo, além da própria vida, aponta e tem perfil de causa. Aliás, até mesmo nas Leis Fisicas, a terceira Lei de Newton diz "Ação e Reação" (causa e efeito). Além disso, há a organização do Universo. Todas as Leis fisicas, naturais, nucleares, constantes e condições com uma precisão praticamente infinita, que são necessárias para o surgimento de uma vida inteligente. Aliás, a própria existencia de uma vida inteligente, de estar pensando, lendo, escrevendo, já é em si um fato extraordinário e incrível.

Além disso, na própria natureza, nas coisas mais 'inocentes' (vamos assim dizer), vemos absurdas complexidades de formas de vida que seguem complexas concepções matemáticas (que por si, são inteligiveis e lógicas), como os números de Fibonacci e a razão aurea; para as quais, nenhuma teoria de "acaso", nem mesmo o naturalismo explica. Alias, diga-se de passagem, a ciência não explica apenas propoem uma teoria demonstrando.

Então, por fim, temos nesse nossa universo; um quebra cabeça enorme. Ou melhor, praticamente uma quantidade infinita de dados jogados ao acaso e que em todos deu a face 6 virada para cima. De modo que se encaixaram perfeitamente várias peças, elementos, números... de modo a dar a precisão necessária para essa vida inteligível que existe. O peso disso é enorme, para se considerar uma causa, um autor intelgiente, sábio, divino, que projetou tudo isso, que encaixou todas essas peças, ou que as criou, ou então, que deu um ponta pé preciso inicial, calculado, para que tudo isso ocorreu como ocorreu e que é o que é.

Bem, o ateísmo de modo algum nega que isso de fato é um grande argumento teísta e tem um enorme peso amostral (estatisticamente falando), que colaborada para a idéia de causa primária e de um autor.

Mas então o que o ateísmo propõe?

Propõe que isso é uma coincidência.
Ou seja, que isso não passa de uma "probabilidade de um caso particular ocorrer". E vamos supor, que essa probabilidade seja da orgem de 1/(10^1000), ou sei lá, algo que tende a ser uma probabilidade infinitamente pequena, precisa, para tal ocorrer.
Mas como o ateísmo pode provar isso? Simplesmente não pode.

Então, há uma proposta: É praticamente uma coincidência.

Porém, isso retoma uma outra pergunta: "É uma coincidência baseado em quê?"
Bem, atualmente, a forma de se considerar uma coincidência, ou seja, algo randonico, aleatório, é estatisticamente diante de uma amostra significativa, no qual não se observa essa aleteoridade.

Mas qual é a amostra? Resposta: Apenas 1. O único caso que podemos ver e que conhecemos, o nosso Universo. O qual tem essa forte indicação de causa primária divina.

Então, eis que surge mais uma teoria: "Talvez existam vários, quase um número infinito de universos paralelos a este. E dos quais, este Universo é apenas apenas 1 entre infinitos, no qual apenas é apenas uma pequena probablidade entre tantos outros;. mostrando que é aleatório."

Porém, essa teoria, claro, não é observável, é apenas uma suposição. Não é físico, mas metafisico (também); logo, o ateísmo até tem que soltar os pés um pouco do naturalismo.

Problema
Contudo, o que está suposição tenta mostrar, ou, melhor, refutar? Que esse Universo como o é, é meramente aleatório. Ou seja, tentando na verdade tirar o peso da argumentação teísta de que todo esse Universo testifica (pelo menos aparentemente) para uma causa especifica, um planejamento, um fim, um propósito.

Porém, ela não prova.

Antes, apenas tinhamos que, a P(A) = 1. Ou seja, a probabilidade da Universo ser como é. Tende a simplesmente ser uma probabilidade igual a 1. E que ele, foi unicamente criado, precisamente criado para ser assim. Ou seja, seria como dizer: "O autor não foi como Thomas Edison, que teve que tentar fazer centenas de vezes uma lampada até que uma desse certo. Mas simplesmente, de primeira, criou exatamente a lampada como funcionaria."

Bem, mas com essa nova proposta do randonico; o que temos é uma amostra maior: A = {..., X} Sendo, X nosso Universo, em talvez a um meio quase infinito de eventos. Então, P(A = X) = 1/∞. Contudo, isso não prova que esse Universo, e essa condição a vida, surgiu de um mero acaso; mas por fim, apenas se atribuiu uma precisão ainda maior para tal caso especifico ocorrer.

Além disso, de acordo com a filosofia estóica (ver parte 2, de Sêneca); a causa primária, o principio divino existe, sobrevive, independente se houver vida na Terra ou não. Se houver Universo ou não. O argumento filosófico vai muito além do randônico. Ou seja, mesmo que, não exista o homem, ele ainda sobrevive. Ou seja, Mesmo que nessa P(A = X) = 1/∞, resultasse, dessa aletoriedade, que o nosso Universo e a vida não ocorresse; isso não diz nada quanto a causa primária dessa multidão de universos existentes; nem contradiz ao principio divino.

Por fim, o ateísmo não consegue (e de fato, está desprovido de ferramentas metafisicas e filosóficas para isto) refutar o teísmo (1). E o ateísmo não possui uma sólida base que possa sustentar a hipótese do ateísmo (de que não existe o principio divino). Então, o ateísmo, por essência, é uma crença, uma fé, "opinião", uma opção, e de modo algum absoluto; assim como o teísmo (retirando o valor do peso dos argumentos). E que não surgiu da observação (talvez, podemos dizer que não surgiu da razão), mas da suposição, e como uma opção contrária ao teísmo.

.....

O Ceticismo
O ceticismo (o cético) reconhece isso. E se baseando também no naturalismo (principalmente) conclui dizendo: "Não há como ter certeza ABSOLUTA, inegável, inconstestável; que destrua qualquer hipótese contrária um dos lados, tanto o teísmo quanto o ateísmo. Então, não vou dar voto para o ateísmo não para o teísmo; vou ser simplesmente cético. Talvez exista, talvez não."

Perfeito. Nesse ponto eu não constesto o ceticismo. Se alguem quer ser cético, ok. Diante que não venha como um ateu tentar contestar o teísmo, e se dizer um cético. Aliás, porém, infelizmente, assim como um costume, um pensamento, resultado nos hábitos e no todo o resto. É comum se ver, que os céticos preferem por optar ter um pensamento prático como um ateu, sobretudo, naturalista, ou seja: "Não sei se Deus existe, mas vou viver como se não existisse. Ou como se não se importasse conosco. Ou como se isso simplesmente não tenha qualquer importância." (então, nesse ponto, quanto a modo de pensamento e vida, pode-se dizer que cético e ateu é farinha do mesmo saco. Ou como a Bíblia diz: "Quem não é por nós, é contra nós.") Mas também, é possível ver um monte de ateu e cético que seguem uma moralidade e ética que têm por sustentação o teísmo; alegando que é um principio socialmente construido, e como são naturalistas, são resultados do meio, logo, se o meio é moral e ético, por consequencia, eles também o são; mas que podem também ser do contra, pois isso não importa, não faz diferença; apenas seriam escória da sociedade.

Veja também:
Parte 1
Parte 2
Parte 3

Filosofia & Lógica = Deus Existe - Parte 3

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Bases Filosóficas do Ateísmo

O que significa o ateísmo em si? É a negação desse principio divino, de um autor, de um criador.
Mas no que se baseia tal?
Há 2 possibilidades:
1. Basear-se na refutação de que há esse principio divino como causa primária.
2. Possuir uma base sólida própria, que por si sustenta o ateismo.

E possui uma necessidade embutida: "Provar que o teísmo é falso." - Pois, logo, se o ateísmo for verdadeiro, o teismo é falso.

Daqui há um grande problema para os ateus. Em primeiro lugar, vale focar, que Richard Dawkins se foca principalmente em 1. Aliás, suas obras são claro quanto a isso: "Deus, um Delírio". É claro que ele tenta basear seu ateísmo na falseabilidade do teísmo. Porém, lógico, ele não o consegue, pois, por definição, o principio divino é metafísico. Além disso, Dawkins parte para frentes emocionais e subjetivas como querendo mostrar que não há cristãos verdadeiras (ou querendo processar o papa por pedofilia). Assim como outros ateus, que buscam até mesmo querendo atacar a Igreja Católica, como os horrores que fizeram na Santa Inquisição.

Porém, isso não refuta 1. Como na "parte 2" vimos, Sêneca, que não se enquadra nesse grupo, ainda permaneceria com o conceito da existencia de um principio divino, metafisico, um criador. Logo, a primeira possibilidade de sustentação do ateísmo é IMPOSSÍVEL de ser uma base sólida e sustentável, pois não é possível se analisar, e provar essa causa primária. Se existe ou não. Pois isso, independe das teorias fisicas, se do BigBang ou de qualquer outra coisa.

Bem, 1 não possui sustentação. Pois é impossível de se provar/refutar. Pois, enquanto o teísmo se baseia na lógica da causa primária, o ateísmo se baseia num mero palpite que tal não existe.

Então, logicamente, o ateísmo precisa recorrer a 2 e fundamentar sua própria base filosófica para se sustentar. E essa base é o Naturalismo filosófico, que praticamente marcou o período do Iluminismo. O qual a grosso modo é: "A observação da realidade e de experiências é o que mostra o que as coisas são, e que o individuo é determinado pelo ambiente e pela hereditariedade." (E diga-se de passagem: boa parte dos principais precursores naturalistas também negavam qualquer possibilidade de uma influencia, ou interferência 'sobrenatural', 'metafisica' em tais.)

Por consequencia do Naturalismo, Charles Darwin desenvolveu a teoria do evolucionismo. Bem, não há sombra de dúvidas, que a maior parte e que caracteriza os evoluciosnitas é ter a Evolução como fundamento filosófico. Porém, há um grande problema com isso:
"O evolucionismo, em ambitos teistas, apenas contradiz absolutamente ao criacionismo biblico."

Logo o evolucionismo, mesmo que, por suposição, houvesse 100% de absoluta certeza que é um fato, ele apenas provaria que o criacionismo biblico, quanto a origem da vida, não é verdadeiro. Porém, não prova de modo algum que o teísmo é falso, e que não houve a causa primária. Aliás, toda a base que sustenta o ateísmo se concilia perfeitamente com o "deísmo", a idéia de um principio divino que "ligou a máquina" e o resto resultou daí. Logo, não prova que o teísmo é falso.

Bem, o evolucionismo não sustenta o ateísmo. E o BigBang, tampouco, que nem irei perder tempo com isso. Pois aqui, não estou discutindo "Criacionismo Bíblico", mas "Teísmo x Ateísmo".

...

Bem, então, para o ateísmo não há como ficar tentando dar voltas e atacar por fora o teísmo, com os atuais paradigmas cientificos e correntes filosóficas. Então é preciso atacar na fonte: A CAUSA PRIMÁRIA. (como Aristóteles já havia considerado).

Bem, a causa primária testifica de um principio divino. Então, o ateísmo precisa considerar que a causa primária é falsa. Mas isso é impossível. Então, logo, uma coisa já se sabe, não tem como o ateísmo sair vencendo, pesar mais que o teísmo. E por enquanto, está com 0, enquanto o teísmo com 1 (pois pelo menos há o argumento da causa primária). Então o ateísmo, precisa de um argumento oposto, que contradiz tal, e assim o faz (na tentativa de ficar 1 x 1, e tudo igual), então propõe:

"Não existe causa primária." Pois não existe uma causa. Mas é apenas uma acaso. Mas não há qualquer teoria que sustenta o acaso, no lugar da causa. Então chegamos ao terreno onde, atualmente, ainda há resistência na luta entre Teísmo x Ateísmo: Causa x Acaso.

Veja também:
Parte 1
Parte 2
Parte 4

Filosofia & Lógica = Deus Existe - Parte 2

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Sêneca (4a.C - 65 d.C) foi um filósofo romano estóico, que foi um dos principais conselheiros do imperador Nero, até que este mandou-lhe serrar os pulsos. Sêneca não conheceu o cristianismo, nem a Bíblia (apesar de alguns afirmarem que ele conheceu pessoalmente o apóstolo Paulo e incorporou muitos pensamentos cristãos ao estoicismo. Já outros afirmam que não, que não há provas claras disso, e que sua teoria, inclusive o cristianismo, são originadas do platonismo). Mas dedicou-se a filosofia, a estudar e analisar os pensamentos de muitos filósofos, observar o mundo e refletir muito sobre tal. Tornando-se um dos maiores simbolos do estoicismo.

Aqui destaco alguns trechos de sua carta LXV para Lucílio; no qual ele busca compreender a Origem, a Razão de todas as coisas, a causa primária.

A concepção de uma divindade criadora

“… Esses modelos universais pertencem ao princípio divino que pelo pensamento abarca todas as criaturas de quaisquer naturezas, e que está repleto das imagens definidas por Platão como imortais, imutáveis e inalteráveis. Assim sendo, os homens morrem, mas a humanidade em si, o “molde” do homem, perdura e não passa por nenhum sofrimento, ao passo que o homem sofre e morre. ... Para uma estátua a substância é o bronze; o artesão é o escultor; a forma é a figura que é dada à estátua; o modelo é o que o escultor reproduz; o fim é o que motiva a criação; o resultado de tudo isso é a própria estátua. “Todas essas causas, diz ainda Platão, estão no universo: o artesão é o princípio divino; a substância é a matéria; a forma é o estado e a ordem do mundo que vemos; o modelo é o que inspira o divino para dar à sua obra essa grandeza e essa beleza suprema; o fim é o que ele visa, ao criar a obra.” Tu me perguntas qual é esse fim? A bondade. Por que a divindade criou o mundo? Diz Platão; “Porque ele é boa. Ora, um ser bom só pode fazer algo bom: é por isso que ele fez o mundo o melhor possível.””

Aspectos fundamentais, a essência dessa origem criadora

“... Essa multidão de causas colocada por Aristóteles e Platão compreende ou muitíssimo ou pouquíssimos elementos. Se eles chamam de causa tudo o que, ausente, torna impossível a criação de um objeto, é pouquíssimo. É preciso, entre as causas, incluir o tempo: não se pode fazer nada sem ele; e também o espaço: se não houver lugar, não haverá realização; enfim, o movimento, sem o qual nada nasce nem morre: sem movimento, não há nem objeto de arte nem mudança de estado. Mas na verdade é a causa primeira e universal que nós buscamos: ela deve ser simples, pois a matéria também é simples. Buscamos a causa, ou seja, a inteligência criadora. Vós não ofereceis, filósofos, na vossa enumeração, causas múltiplas e distintas; todas dependem de uma só: a que está na origem da criação. Dizem que a forma é uma causa? Mas ela é dada à obra pelo artista: é uma parte da causa, e não uma causa. ... Há ainda mil outras! [causas] Mas o que procuramos é a causa mais geral. ... há uma grande diferença entre a obra e a sua causa!”

Qual é a importância de se conhecer e investigar essa questão da causa primária [Origem]?

“... No que me tange, eu me consagro em primeiro lugar ao que pode apaziguar a minha lama: examino primeiro a mim, e depois o universo. E contrariamente ao que tu pensas, não perco o meu tempo! Todas essas análises, na verdade, contanto que não façam arrancar os cabelos ou perder-se em vãs sutilezas, elevam e aliviam a alma, que , oprimida por um pesado fardo, deseja dele libertar-se e voltar às suas origens. O nosso corpo é para a alma um peso que lhe é imposto: ele a esmaga, a mantém em ferros, quando a filosofia não vem socorrê-la para fazê-la contemplar o espetáculo da natureza e conduzi-la da terra ao céu. Eis para ela o meio de se libertar, o meio de escapar: às vezes, ela foge da prisão em que está fechada e reencontra a santidade no Céu. ... sempre que pode, procura o ar livre e descansa na contemplação da natureza.”

A liberdade de poder procurar a origem. E as implicações que isso carrega para o ser.

“... Queres proibir-me de contemplar a natureza e privar-me do todo para que eu fique reduzido a uma parte? Não poderia eu procurar o começo do universo? Quem criou a natureza? Quem distinguiu todos os elementos até então misturados numa massa única e mergulhados numa matéria inerte? Quem é o arquiteto do mundo? De que maneira tamanha imensidão encontrou uma lei e uma ordem? Quem juntou o que estava esparso, ordenou o que estava confuso, atribuiu uma figura ao que não tinha nenhuma forma? De onde vem uma luz tão viva? É o fogo ou uma substância ainda mais brilhante? Não poderia eu fazer-me tais perguntas? Deveria ignorar a origem da minha existência? Devo ver este mundo apenas uma vez ou renascer várias outras? Para onde irei depois? Que morada espera a minha alma, quando esta se libertar das leis da servidão humana? Tu me proíbes a estada celeste, o que me faz viver novamente de cabeça baixa? Eu e o meu destino somos grandes demais para que eu me torne escravo do corpo, que não passa de um entrave à minha liberdade. É ele que eu oponho à Fortuna para que esta nele se detenha. É por ele que me defendo dos ferimentos. Tudo o que em mim pode sofrer afrontas é ele. Nessa morada sujeita a todos os ultrajes, a minha alma vive livre. Nunca essa carne vil me forçará a ter medo, nem a dar provas de uma hipocrisia indigna de um homem de bem; nunca mentirei para agradar esse miserável corpo. ... O desprezo do próprio corpo é a liberdade garantida.”

A negação do acaso. E a irracionalidade do medo.

“... Claro está que o universo resulta da matéria e do divino; é o princípio divino que regra, dirige e submete à sua lei os elementos espalhados à sua volta. As suas obras são mais poderosas e importantes, porque ele é divino, do que a obra da matéria, que lhe está submetida. O lugar que ele ocupa no mundo é o da alma no homem: a matéria corresponde ao que é o corpo para nós. Portanto, é preciso que o inferior obedeça ao superior. Sejamos corajosos face aos acidentes: não tremamos diante das injustiças, ferimentos, correntes, pobreza. A morte é ou um termo ou uma passagem. Não temo nenhum dos dois: findar ou não ter começado é a mesma coisa; que importância tem passar para alhures, uma vez que em nenhum lugares estarei tão apertado! Adeus.”

Carta LXV, Opiniões de Platão, de Aristóteles e dos estóicos sobre a causa primária


Primeiro ponto importante a se considerar nesse pensamento:
1. Sêneca não era cristão; tampouco, provavelmente, conhece o relato bíblico da criação, muito menos o evolucionismo de Darwin. Ou a relatividade de Einstein ou o BigBang de Lemaître.

Logo, podemos ter a absoluta certeza de imparcialidade nesse atual questionamento que se há entre as frentes naturalista e cristã (principalmente); de um lado o ceticismo, darwinismo e até mesmo ateismo e do outro o criacionismo e o teísmo. Sêneca não está jogando em nenhum desses dois grupos.

O texto deixa evidente que desde épocas antigas, já se havia esse questionamento, e não só com Sêneca, mas como alguns filósofos cristãos, no caso, Platão e Aristóteles que retomam a séculos antes de Cristo. E então sem nenhum conhecimento do que podemos atrabuir como "conhecimento cientifico", eles consideram:

O "EXISTIR" possui uma "causa primária".

Se formos traduzir podemos então pensar como mesmo se o Universo, ou o todo, ou alguma coisa, existiu; se o tempo e o espaço existe. Então há uma "causa primária" que lhe antecede. Nem que essa causa seja simplesmente a própria necessidade de sua existência, porque existe.

Bem, a teoria de Einstein levou a cientistas considerarem que o Universo teve "um inicio". Ou seja, apenas nas últimas décadas, cientificamente se tem um forte paradigma que o Universo teve um inicio, passou a existir. Contudo, a argumentação de Sêneca não necessita disso, tanto faz se o Universo passou a existir (teve ou inicio) ou não. Há uma coexistência; pois tu é resultado da "causa primária" = "principio divino".

Logo, não há como fugir dessa questão 100% metafisica. E que filósofos da antiguidade já haviam pensado. Não há como fugir da "causa primária".

Porém, infelizmente, os "ateus" (vamos assim dizer), em geral, apenas vão até onde lhes convem. Não vão até a causa primária, mas de uma derivada sua. A qual, muitos atribuem ser o BigBang. Então se o tempo, espaço e energia passaram a existir a partir do BigBang; tal já é, em si a própria causa primária. E essa causa, não passa de um "acaso".

Bem, Sêneca, sem dar-se o trabalho de explicar-se, diz que esse principio ativo está ou é um autor, um criador; logicamente, um ser divino, eterno, imutável, por si sendo a própria existência, independe do tempo, espaço e energia (vamos adaptando para nossos dias). O que convém muito a idéia Biblia de que "No principio era Deus" e "o verbo estava com Deus", e "o verbo era Deus". E ainda considera, segundo Platão, que a própria bondade é o motivo pelo qual tal criador criou.

Em primeira instância Sêneca não diz, não caracteriza, especialmente essa divindade. Não o coloca como as divindades pagãs que dominvam o pensamento de sua cultura e período, como Jupter. Mas no decorrer, implicitamente começa a defini-lo. Quando questiona a sua liberdade de poder questionar e pensar nessas coisas, em algo ele já deixa claro: "É isso principio básico que irá reger, guiar e suster o nosso ser, pelo menos, no ambito moral." Além disso, se for analisar e estudar toda a obra de Sêneca, e o pensamento estóico que é moral, tão quão a Bíblia. Se reconhece claramente: Sem esse "principio divino", sem essa "causa primária" não há qualquer sustenção para a moralidade e a ética.

Por que? Bem, não é de meu interesse entrar em detalhes quanto a isso. Mas na carta LXVI ele aborda a questão da virtude; considerando que todos os bens são iguais assim como todas as virtudes. Aplicando implicitamente tudo isto para este princípio divino:
"Os verdadeiros bens têm o mesmo peso, o mesmo volume; os falsos são invólucros vazios: têm bela aparência quando os vemos, mas quando pesamos, que decepção!
... tudo o que se faz sob a égide da verdadeira Razão é sólido e eterno; a nossa alma então se fortalece e se alça a alturas onde ficará para sempre. O que a massa chama de bens incha o coração com uma alegria ilusória.
Só a Razão é igual à Razão, o Bem ao Bem. Por conseguinte, a virtude é igual à virtude, já que não é nada mais do que a reta Razão. Todas as virtudes são manifestações da Razão: nisto, elas são retas, e se são retas, são iguais entre si.
... os sentidos não podem ser juízes. ... Portanto, a Razão é o árbitro do bem e do mal. ... pois não há bem fora da Razão: ora a Razão segue sempre a natureza. Portanto o que é a Razão? A imitação da natureza. E o que é o soberano bem para um homem? Conformar-se às vontades da natureza."

Ao estudar a bem a obra de Sêneca observamos que aquilo que ele chamaria de natureza, na verdade é essa unidade básica, essencial, primária, eterna, imutável, perfeita; a qual caracteriza perfeita a idéia desse princípio divino, desse criador. Se Sêneca conhecesse o cristianismo, provavelmente, ele diria que conformar-se às vontades da natureza é conformar-se com a vontade de Deus.

É nisso que é fundamentado a virtude, assim sendo, a ética e a moral; assim, como a razão por superar desafios, desprezar o corpo, não temer o sofrimento e a morte.

Logo, se negar a "causa primária", o "principio divino" considerando-os falsos, então não há fundamento algum para a ética, a moral e a virtude, tudo não passa de uma mentira um engano.

É basicamente nisso que se baseia a idéia de Sêneca a respeito da causa primária.

É bom relembrar que Sêneca não está falando de teorias, não está falando de evolução ou criacionismo, ou de BigBang, ou de qualquer idéia teória cientifica. Ele apenas está explanando pela filosofia a "causa primária" algo que antecede, é superior, e ainda mais elementar do que todos esses objetos da existência.

Então, o ateísmo não tem que lutar contra os cristãos, ou contra os criacionistas, ou contra os evolucionistas atuais; ou os religiosos e por aí vai. Mas também contra os estóicos, contra Platão entre outros. Que pela lógica, pela filosofia, claro, que por uma idéia, em grande parte, parmenica (da não contradição) de que há uma causa primária criadora, reconhecido como um principio divino, e que é metafisico (isto é, vai além do tempo, espaço e energia). Contudo, Sêneca não nega também a outra corrente, o Heráclico, o movimento; porém, em poucas palavras mostra que para a existência do movimento é preciso de tempo e espaço, mas o principio divino, o mais elementar, a causa primária antecede ao movimento. Pois se o movimento é o objeto ou a coisa que existe, então o existir em si, passa a se tornar o inicio da conversa, e que para tal, é preciso desse principio divino.

Veja também:
Parte 1
Parte 2
Parte 3
Parte 4

Filosofia & Lógica = Deus Existe - Parte 1

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Irei iniciar uma série sobre como a lógica e a filosofia defendem e apontam para o Deus Criador da Bíblia. E para iniciar, apenas para dar uma aquecida na mente, recomendo começar com esse vídeo que dá uma idéia (mesmo que superficial para ficar claro para o ouvinte) interessante e um pano de fundo.

Parte 1


Parte 2


Parte 3


Parte 4


Parte 5


Parte 6


Veja também:
Parte 2
Parte 3
Parte 4